Voltar à seção Artigos Voltar à Página Principal

FAIXA LIVRE CENSURA O PRÓPRIO PROGRAMA

Escrito em 13 de outubro de 2007 por Marcelo Delfino.

A equipe do programa Faixa Livre (segunda a sexta, 8 a 10h, Bandeirantes AM 1360) já sabe que sou um antigo ouvinte do programa, desde sua estréia em dezembro de 1994. Sabem também que avalio que o programa é pautado atualmente pela demagogia e pela falta de ética, como ficou claro em recente carta que enviei e eles não responderam.

Nesta semana, obtive a confirmação de que a equipe do programa está incomodada com meus pareceres, no fundo concordando com eles.

Foi nesta semana que o Governo Federal fez uma nova rodada de concessões de rodovias à iniciativa privada, tal como fizeram governos tucanos como os de FHC, Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Tal atitude do Governo Federal foi duramente criticada pelo apresentador do Faixa Livre, no editorial do programa do dia 10 de outubro. Paulo Passarinho disse que há nuances diferenciando as privatizações petistas das privatizações tucanas, mas que eram na essência a mesma coisa.

Cansado de tanta demagogia, tomei a iniciativa de ligar para o programa, e deixei um recado para a atendente. Paulo Passarinho leu o recado na íntegra quase às 9 horas.

O meu recado teve o mesmo estilo da carta que enviei e não responderam. Eu disse que estava irritado com tanta demagogia da equipe do programa. E, considerando que Paulo Passarinho fez campanha para Lula no programa, durante o 2º turno de 2006, disse que Passarinho, o PT, Lula e todos os que apoiaram a reeleição do Presidente deviam pedir desculpas ao tucanato, por o Governo atual fazer o que o Governo Alckmin faria.

Paulo Passarinho passou mais de dez minutos tentando responder à minha participação. Disse que não faria no 2º turno o mesmo que sua candidata do 1º turno Heloísa Helena fez (anular o voto). Disse que votou em Lula porque, embora julgando que o projeto econômico de Lula e de Alckmin fosse o mesmo, ele considerava o Alckmin um risco muito grande, no sentido de fazer um governo extremamente neoliberal.

Paulo Passarinho ficaria bem se respondesse apenas isso. Cada um vota em quem quiser, ninguém tem nada com isso. Mas, não satisfeito, Passarinho traiu a si próprio, duas vezes. Disse que não fez campanha para Lula no programa antes da votação do 2º turno, e disse: "Eu votei no Lula, sim. E não me arrependo, não". Isso depois de dizer minutos antes que havia se arrependido. Disse também que eu estava sendo injusto com o programa. Para completar, ele disse isso tudo sem muita convicção. E contidamente irritado.

Eu lembro que, antes da votação do 2º turno, Passarinho disse no ar que não votaria no Lula, mas que "vetaria o Alckmin". Paulo Passarinho pensa que os ouvintes são burros ou retardados. Ora bolas. Se não desaconselhou o voto num candidato (Lula) mas disse que vetaria o seu único adversário (Alckmin), ficou evidente que Passarinho desaconselhou o voto em Alckmin. O que o pôs em posição inferior ao outro candidato.

Historicamente, o TRE-RJ sempre foi conivente com a Rádio Bandeirantes e com o programa Faixa Livre. Toda eleição é a mesma coisa: a equipe do programa faz elogios a alguns candidatos, critica outros, e até hoje não soube de nenhuma vez em que a rádio foi multada. Ou tirada do ar, como aconteceu com a TV Record em 2004.

A capitulação do Faixa Livre e de seu apresentador ainda estava por vir. E veio entre 9:34 e 9:43 do dia 10, com a participação ao vivo de João Roberto Neves, da AMBEP (Associação de Mantenedores-Beneficiários da Petros), plano de previdência de funcionários da Petrobrás e patrocinador do programa. João Roberto Neves falou sobre as privatizações (tema principal do programa naquele dia) e deu razão à minha participação. Disse que eu acertara ao igualar as atitudes do Governo Lula e as dos governos tucanos.

O sr. Paulo Passarinho, enquanto apresentador, não podia rebater a fala do patrocinador.

Quando termina uma edição do programa, sua gravação na íntegra é colocada no portal oficial, para ser ouvida pelos internautas interessados. Isso ocorre na parte da tarde.

Veio o dia seguinte, e nada. Colocaram no portal o programa do dia 11, sem colocar o do dia 10, como atesta a falta de atalho, nesta foto da página principal:

Página principal do Faixa Livre, em 11 de outubro de 2007

No dia 12, colocaram o atalho para o programa do dia 10. Mas o atalho não funciona, enquanto que os dos programas dos dias 9 e 11 funcionam normalmente.

Só há duas possibilidades para a ausência da gravação do dia 10:

O portal do Faixa Livre está enfrentando problemas técnicos;

Ou a equipe do programa não quer que ninguém mais ouça as respostas vacilantes de Paulo Passarinho, nem o apoio que recebi de João Roberto Neves.

Realmente, a imprensa brasileira, grande ou pequena, continua carecendo de senso ético e desprendimento ideológico. Para cada Veja, temos uma Carta Capital. Para cada Band News, temos um Faixa Livre. E a caravana passa.

O que sei é que me dou por satisfeito ao ser ouvido pela equipe do Faixa Livre e colocar Paulo Passarinho diante das evidências de que ele não é honesto com os ouvintes.

Essa de "vetei o Alckmin" merece entrar para os anais do rádio do Rio de Janeiro.

Voltar ao Início Voltar à seção Artigos Voltar à Página Principal